sexta-feira, 2 de setembro de 2011

DICA DE LEITURA


 
Microfísica do poder é um conjunto de textos que abrange várias obras de Foucault, com entrevistas e questionamentos a cerca de suas pesquisas e o percurso destas, ao longo de seus estudos. A análise central consiste na concepção e na prática do poder em suas várias dimensões, como algo que se exerce e está presente em todas as esferas sociais. A idéia fundamental é apresentar as relações de poder que se encontram não somente no aparelho de Estado e nem no âmbito do direito, mas sim, mostrar o poder em suas diversas superfícies, que serão abordadas posteriormente.

O aparelho Judiciário se estabelece com a expressão de poder público, em um cenário de coerção armada na repartição de bens privados, que nasceu de jogos divisórios que a burguesia queria introduzir. Para o autor, a organização do tribunal, no Ocidente, não deve estar presente na prática da justiça popular, e defende que o Estado tem um papel a desempenhar, o de assegurar a educação e a conscientização política. Critica as práticas judiciárias, a partir da Idade Média, seus sistemas de repressão, imposição de regras, as determinações e dicotomias sociais que possibilitou, tais como a marginalização da plebe não proletarizada, tidas como perigosas, a qual causaria “risco” à sociedade em geral e se contraria com o tribunal popular por ser instrumento perigoso, que permite o restabelecimento das divisões, mas possibilitou a quebra do monopólio dos meios de transmissão das informações detidos pelo poder, estabelecendo assim dois poderes importantes, o de conhecer e o de difundir a verdade.

Foucault apresenta inúmeras reflexões acerca da sociedade, dos indivíduos, do poder, sejam elas no âmbito científico, histórico, dialogando e citando outros intelectuais, tais como Platão, Descartes, Kant, Marx, Arquimedes, Nietzsche, Galileu, Newton, entre outros, e discute as suas teorias.

Entre as reflexões, as quais colocam, o poder na análise central, as suas manifestações e práticas nas diversas instituições sociais, tratam da politização do intelectual; do poder que está na trama da sociedade, o qual barra e proíbe o saber das massas; do poder sutil das prisões; do corpo como uma máquina, enquanto força de produção; da exclusão social para com os doentes, na forma de exílio; do hospital como uma instituição assistencial, mas também de separação e exclusão, espaço controlado e vigiado; da disciplina como forma de poder, mais elaborada a partir do século XVIII, que atuava nos moldes escravocratas, tendo como alvo os indivíduos, para utilizá-los ao máximo.   -     Sara Santiago.

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