quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Atentado a magistrado: novo caso em Venâncio Aires

Estado reage contra atentado a juiz


 

O comando da Polícia Civil no Estado mobilizou forças para investigar um atentado contra a casa de um juiz de Direito em Venâncio Aires, no fim da noite de segunda-feira. A residência de João Francisco Goularte Borges, titular da 1ª Vara de Justiça do Foro de Venâncio, foi atingida por quatro tiros. Os disparos, que teriam sido feitos com um revólver calibre 38, atingiram a porta da garagem da residência no momento em que o magistrado assistia TV na sala da moradia, por volta das 23 horas.

Um dos tiros ainda acertou o carro do juiz, estacionado dentro da garagem. Ninguém ficou ferido, mas o caso revelou uma preocupação: nem as forças de segurança e Justiça estão imunes à criminalidade. O delegado da Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA), Felipe Cano, esteve no local ainda durante a madrugada, assim como a perícia do Departamento de Criminalística do Instituto Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre. Borges, apesar do susto e do sentimento de temor da família após os disparos, disse ontem que não vai deixar de atuar. Nesta terça-feira ele deu expediente normal no Fórum.
Mesmo assim, a Polícia Civil classifica o caso como grave. O titular da DP de Venâncio, Paulo César Schirmann, diz que a investigação deve ganhar prioridade por atentar contra a própria segurança pública. “É um fato que não é da nossa tradição e não podemos deixar passar sem uma punição rigorosa. Fere a Justiça e o próprio Estado”, afirma.

Schirmann acredita que o atentado possa ter sido uma tentativa de intimidação ao trabalho do juiz ou mesmo uma espécie de vingança pelo descontentamento com alguma decisão proferida pelo magistrado. “Soa como uma advertência. Nesse momento a gente não descarta nada. Assim como pode ter partido de um criminoso perigoso, pode ter sido um ato de destempero”, aponta. “O que ficou claro é que a intenção não era acertar ninguém, mas assustar.”

O caso ganhou repercussão estadual. O chefe da Polícia Civil no Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Júnior, colocou à disposição todas as forças policiais para a agilização das buscas pelo autor dos disparos. Ainda pela manhã, o juiz recebeu ligações do próprio Ranolfo e do diretor do Departamento de Polícia do Interior, delegado Mário Vágner. A família e a residência do magistrado terão, pelos próximos dias, proteção e acompanhamento do Núcleo de Inteligência do Tribunal de Justiça.

Ajuris
A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), manifestou ontem intensa preocupação com o atentado contra a residência do juiz João Francisco Goularte Borges. O diretor do Departamento de Valorização Profissional da entidade, juiz André Luis de Moraes Pinto, que atua em Santa Cruz do Sul, resumiu o sentimento da Ajuris diante do caso de violência. “A tentativa de intimidação por ato praticado contra a jurisdição é uma agressão à independência e tranquilidade funcional do juiz, que são garantias essenciais à sociedade.”

Ele ressaltou o acompanhamento do caso por parte da associação e diz que a Ajuris ficará atenta às investigações e à resolução dos fatos. “Expressamos apoio ao colega e à família. Ele, corajosamente, vem mantendo a jurisdição mesmo após o atentado.”

Fonte: Gazeta do Sul. 27.01.2011.

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